domingo, fevereiro 20, 2005

Eu sou pessimista. É uma constatação, uma verdade. E agora ? Eu não sei exatamente porquê. Será que eu gosto de resultados ruins ? Será que eu sou maluca assim ? Na verdade, acho tem a ver com expectativas e decepções. Eu normalmente tenho 2 expectativas diferentes para a mesma coisa. A primeira delas, normalmente é uma expectativa média-baixa, que abaixo disso eu considero algo muito ruim. A segunda delas, é alta, bem alta. Normalmente é o que eu espero. Eu tenho esse problema de expectativas demais em certas coisas. Isso foi a forma que eu achei de lidar com decepção. Então eu prefiro esperar sempre o pior e me surpreender quando a segunda expectativa é alcançada. O problema é: será que sempre que eu alcanço o segundo nível da expectativa eu fico efetivamente mais feliz ? Talvez seria melhor se eu pudesse simplesmente ser menos pessimista. Como será que se faz isso ?!

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oi, gata!!!

Também sou pessimista até que me provem o contrário...vc já leu kafka? Tem muito a ver com a gente, ele não acredita em otimismo, para ele "as salas desconhecidas assim permanecerão". É isso, aí, friend. A gente vai levando. E aprendendo. Pelo menos eu tenho vc por perto. Bjs

Paloma

7:23 PM  
Anonymous Anônimo said...

POEMA EM LINHA RETA
(Álvaro de Campos)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado
[sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

7:22 PM  

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